Moçambique: A Rota Silenciosa para o Abismo pelos Jogos de Azar na Juventude Moçambicana
Moçambique é um país marcado por desafios estruturais profundos: desemprego crónico, informalidade laboral, pobreza extrema e uma taxa de analfabetismo que ronda os 40% da população. Com uma juventude que representa a maior parte da sociedade, era de se esperar que as políticas públicas fossem orientadas para garantir oportunidades e esperança. No entanto, o que se observa é um cenário de desorientação colectiva, onde muitos jovens, diante da falta de alternativas, são empurrados para caminhos perigosos.
Para sobreviver ou fugir da realidade dura, alguns optam pelo trabalho informal, outros acabam nas drogas, no crime ou na prostituição. Mas há um fenómeno que tem crescido de forma alarmante: a ilusão do dinheiro fácil por meio dos jogos de azar online — como o Aviator e as populares casas de apostas (“Bets”).
Essas plataformas, amplamente acessíveis por smartphones, seduzem com promessas de ganhos rápidos. E para alimentar ainda mais essa armadilha, os promotores desses jogos recorrem à artistas, influenciadores digitais e líderes de opinião — figuras que têm um peso enorme sobre a juventude. A presença deles nos anúncios não é inocente: é uma estratégia de manipulação emocional e social.
Contudo, os efeitos colaterais são devastadores. Já é comum receber relatos de jovens que tiraram a própria vida após perderem grandes quantias nesses jogos — salários, valores da renda, dinheiro emprestado. Outros mergulham em depressão profunda e acabam internados em hospitais psiquiátricos. O vício em jogos de azar é real, e os danos são irreversíveis em muitos casos.
- É aqui que surgem algumas perguntas:
Onde está a responsabilidade social do Estado e das empresas que promovem tais práticas? - Por que se permite que a fragilidade emocional da juventude seja explorada em troca de lucro?
- Será que já não passou da hora de o Governo rever com urgência as políticas que regem os jogos de azar em Moçambique?
Uma proposta séria poderia incluir:
- Restrição total à publicidade de jogos de azar, especialmente com uso de influenciadores.
- Proibição do acesso online irrestrito, permitindo apostas apenas em espaços físicos regulados, onde possa haver triagem mínima do estado emocional dos jogadores.
- Campanhas públicas de sensibilização, informando sobre os riscos reais do vício em jogos.
- E mais do que tudo: abrir oportunidades reais para os jovens, para que não vejam no jogo a única escapatória possível.
Enquanto continuarmos a permitir que os medias e os influenciadores sejam usados como ferramentas de sedução para o abismo, estaremos a enterrar a esperança de um futuro melhor. Os lucros nunca podem estar acima da vida. E uma juventude orientada para o negativo não construirá uma nação — apenas cavará um buraco mais fundo para todos nós.
Uma Juventude influenciada para o Negativo, tem as portas bertas para o abismo…
Por: Kasper, o Kamikaze
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